6.9.10

Toronto, antes e depois de Ivete Sangalo

Apesar de ontem, segunda-feira, ter sido feriado em Toronto (Labour Day), o dia começou cedo para muita gente, principalmente para aqueles com quem eu encontrei pelos lados do Yonge-Dundas Square.

Fãs de Ivete Sangalo começaram a povoar o quadrilátero logo cedo, coisa de oito da manhã. O show, parte das comemorações da independência do Brasil pela comunidade brasileira em Toronto, foi gratuito, mas a parte mais próxima do palco foi fechada para os VIP, very important people que se predispuseram a pagar 130 dólares pela localização privilegiada.

A preparação para a grande festa começou pela manhã...

...e testou o fôlego dos foliões, literalmente

Gente jovem, bonita e descolada deu ares de desfile fashion ao evento

Fora da área VIP, mas com muita energia para esperar o dia todo para ver a musa Ivete Sangalo

Nem a chuva iminente assustou os brasileiros que, mais para mineiros do que para paulistas, chegavam de mansinho, sem pressa, durante todo o dia, até a hora do início do show de Ivete, previsto para as cinco da tarde.

Slowly, but surely, brasileiros conquistam o espaço do Dundas-Yonge Square em coloridos mutirões em verde e amarelo

Bandeiras brasileiras e canadenses na hora de cantar o hino de ambas as nações

Antes dela, dividiram o palco bandas brasileiras locais, como os populares Aline Morales & Maracatu Baque de Bamba e o cantor sertanejo Marcelo Neves que, por sinal, deixou a mulherada em polvorosa quando eu falava com ele. Ai de quem desdenhe do poder da viola....

Vinte brasileiros mais antigos da comunidade são homenageados por serviços prestados

O cantor sertanejo, Marcelo Neves, com uma fã entusiasmada. Seguuuuura peão!

Será que estou vendo um certo rubor na face do galã...?! Relaxa, Marcelo, são ossos do ofício...!


O pessoal da Batucada Carioca e José Paulo arrebentaram com um samba gostoso e honesto. Foi difícil não pagar mico e cair no samba (explico: nada de errado em cair no samba, é que minha ginga é tão boa quanto o meu chinês....).

Aliás, vai aqui uma bronquinha construtiva para o pessoal da organização do evento, que estaria impecável se não fosse a falta de divulgação das atracões que vieram antes de Ivete. Uma pena.

Tive que deixar o quadrilátero para correr para a coletiva de Ivete e Serginho Groisman, marcada para o meio da tarde e que não durou mais do que uma hora. Foi tempo suficiente para que o cenário mudasse completamente, quando de volta à festa: diferente dos gatos pingados da manhã, a praça, agora, estava repleta de brasileiros vestidos à caráter para comemorar o dia da independência do Brasil: uma nuvem de verde e amarelo encobria o pedaço, e eu duvido que alguém lembrou de que era esse o intuito principal da festa, mas tudo bem...

Ivete, toda bonitona durante a coletiva

Serginho Groisman, que comandou o show antes de Ivete e balançou a coletiva com seu jeito zen

Ivete deu um show no palco, e os brasileiros, um show de cidadania: a festa foi maior do que a do ano passado, pacífica, colorida, vibrante, welcoming. Claro que teve lá seus momentos menos gloriosos, com uns de cocar na cabeça (ai, que vergonha....), sessões de Rebolation e encarnações do estereótipo “brasileira passista à procura”. Mas, atire o primeiro pandeiro quem é perfeito, certo?
De repente, sumiram com a Yonge Street...

Voltando à Ivete, assim como fez no show do Madison Square Garden, em Nova York, no sábado, a musa brasileira cantou em português e arriscou em inglês, com a música “Human Nature”, de Michael Jackson, o que, para o pessoal do New York Times, foi uma escolha “awkward” (estranha).

O jornal segue dizendo que acha muito difícil que Ivete emplaque no gosto norte-americano, ao contrário do que aconteceu com Beyoncé e Shakira. Os principais motivos seriam a “barreira da língua” e o ritmo muito carnavalesco de sua música, difícil de ser assimilado pelo povo do lado de cá do Equador. Perguntada, na coletiva em Toronto, sobre a opinião do jornal nova-iorquino, Ivete diz que se sente “extremamente honrada de ser relacionada com uma figura tão vencedora quanto ela [Shakira]”, sua “amiga querida”.

Durante a coletiva, que se passou num clima super informal, no hotel Delta Chelsea, com Ivete soltando piadinhas aqui e ali (“eu perco a entrevista, mas não a piada”), ela disse que não estava se preocupando com a falta de estrutura do palco no Yonge-Dundas Square. Para ela, o importante era trazer para seus fãs expatriados sua música, com ou sem “pano de fundo pré-estabelecido”.

Ivete, com energia de sobra, com ou sem cenário....

...mas com telão

Mas, estamos em Toronto, não é mesmo? Então, na coletiva, lá vou eu puxar sardinha pro nosso lado. Perguntei para Ivete se ela já conhecia a cidade, e o que esperava do público torontoniano; como boa amiga, a avisei de que o canadense é mais quietinho que brasileiro, o que ela prontamente respondeu: “A gente dá um jeito”, naquele vozerão de trovão dela. Completou, dizendo que dançar é “que nem aquele ditado: trair e coçar é só começar”. Que venham os bed bugs.

Também me disse que já havia vindo à Toronto, a convite de Nelly Furtado, para a gravação do hit que fez em dueto com a cantora canadense, "Where It Begins". Daí, olhou bem para mim e disse: “então, se você escrever de Toronto para o Brasil, não esqueça de mencionar o nome de Nelly, que ela foi fantástica”. Olha a Ivete contando com o Toronto Para Insiders para dar o recado! Pode deixar, Ivete, que eu escrevo!

Nos dois dias que passou por aqui, Ivete teve a impressão de que Toronto tem “uma estrutura nova-iorquina, mas com uma calmaria de cidade menor. Não sei se é impressão minha. Eu gostei daqui”. E, garantiu que, depois de Ivete, Toronto não será mais a mesma. Estou com ela nas duas observações.

Ao final do espetáculo, concluo que a mensagem de Ivete foi coerente, dentro e fora do palco: ela cantou para seus fãs brasileiros, revisitou canções antigas do seu repertório, como a versão axé de “Eva”, “Beleza Rara” e o clássico “Sorte Grande” ou, como é mais conhecida, "Poeira" (o ponto mais alto do show), e comandou a coreografia do arrasta-pé coletivo. Bateu muito papo e disse que a ocasião não era para muita formalidade sugerindo, até, que o palco fosse transformado num grande churrasco.


A galera obedecia a todos os comandos de Ivete, que jogava o pessoal para a esquerda, e para a direita, e para o lado, e para o outro...Aqui, o fã carioca, Breno, que veio do Rio só para participar da gravação do CD do show de Ivete no Madison Square Garden. Eu tenho uma história ótima para contar dele, que vai ficar para outro post. Stay tuned!

E tira o pé do chão!

Enfim, um show para gringo ver e brasileiro matar saudade de ser brasileiro.

Axé.






4 comentários:

  1. Se nao tivesse tido divisao de classe em praca publica teria sido perfeito!

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  2. Pois é, Cris, tenho que concordar que a área VIP não pegou muito bem, não. Mas, o show foi bonito e a galera mostrou que sabe se divertir, dentro ou fora da corda...um abração

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  3. De fato aquela separacao entre VIPS e a galera foi o ponto fraco da festa, tenho sempre ido ao Brazilian Day NYC, mas com a Ivete aqui, eu tive que ficar...espero que ano que vem nao tenha essa separacao, e area VIP que nem lotou e ficou aquele vazio entre o povo da frente e a galera que queria dancar e chegar perto da Ivete..abracos de ottawa - Dailson ( eu sou o que esta segurando a bandeira do Canada).

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  4. Ah, eu me lembro! Olá, Dailson! bom te ver por aqui. Pois é, o cercadinho não pegou muito bem, não..mas, quem sabe o organização aprendeu e lição e faz mais bonito ano que vem. Te vejo em TO em 2011! Um abração!

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