17.12.10

Bairros de Toronto: Chinatown



por Alessandra Cayley


Em Chinatown, o cenário pode mudar radicalmente de uma esquina para outra. 

De repente, desaparece a cidade norte-americana comum e surgem em seu lugar placas de estacionamento, letreiros e sinais em mandarim. A principal Chinatown (sim, porque há nada menos que seis Chinatowns em Toronto) é um vibrante emaranhado de lojinhas apertadas, que se expandem como podem, invadindo as calçadas e se esgueirando pelo espaço entre postes e fios elétricos dos streetcars (os vagarosos bondinhos).

Nesta Chinatown-mãe, situada entre Dundas Street West e Spadina Avenue, vende-se de tudo um pouco: de chá verde a mochilas da Hello Kitty; de bolsas de grife falsificadas a verduras, temperos exóticos e raízes medicinais. Só mesmo a esguia Torre CN no horizonte faz o visitante lembrar que estamos, sim, no Canadá.

O colorido dos toldos, na maioria vermelhos, mistura-se ao laranja, verde, roxo e amarelo das frutas – frescas ou desidratadas – disponíveis em bancas nas calçadas. Restaurantezinhos pouco convidativos servem dim sum, enquanto açougues expõem nas vitrines criaturas bizarras defumadas, penduradas pelo pescoço.

Para um café da manhã ou almoço rápido, tente o Zupa’s Restaurant & Deli (342 ½, Adelaide Street West, metrô St. Andrew, 416/593-2775), com jeitão de restaurante de vila, bem no meio da cidade. Dá para comer bem com 15 dólares canadenses.

Se quiser gastar mais e visitar o ponto das lulus, siga para o Frank (317, Dundas Street West, 416/979-6688, www.ago.net/frank), que fica dentro do Art Gallery Toronto (317, Dundas Street West, metrô St. Patrick, 416/977-0414), importante museu reinaugurado em 2008, depois de uma ampliação comandada pelo famoso arquiteto Frank Gehry (por isso o nome do restaurante).


O “starquiteto” acrescentou um enorme volume ao prédio original, mas conseguiu passar uma impressão de exímia graça e leveza. Es-pe-ta-cu-lar. O restaurante também é excelente, a começar pelo couvert: pães sete grãos, pumpernickel (escuro) e ciabatta, manteiga de leite de cabra, flor de sal.

Reserve ainda um bom tempo e um par de tênis confortável para explorar as lojinhas e o Kensington Market (entre as ruas Dundas e College), que, embora se chame mercado, refere-se na verdade a uma sucessão de ruazinhas e vielas de sobrados vitorianos gastos pelo tempo, onde há muito comércio de rua. Dominado pelos judeus no passado, o mercado é hoje um mix das diversas culturas presentes em Toronto, com predomínio da caribenha.

O aspecto de abandono do lugar não parece incomodar seus frequentadores, na maioria artistas, músicos, punks, rastáfaris, hippies e descolados em geral, que vão ao mercado não apenas pelos cafés e lounges alternativos, pelas lojas de roupas e móveis de segunda mão (o verdadeiro “vintage do vintage”) a preços imbatíveis.

Ir ao Kensington Market é um estado de ser, carteirinha virtual de membro da tribo cool da cidade. É sua tribo? Então fique por ali mesmo, no Canadiana Backpackers (42, Widmer Street, 416/598-9090, canadianalodging.com; diárias desde CAD$ 27, em quarto coletivo para seis a oito pessoas; Cc: A, M, V), um albergue acolhedor com staff gente boa. Tem uma sala para projeção de filmes, onde, às sextas-feiras, rola cinema com pipoca.

Um comentário:

  1. Oi Alessandra,

    escrevi um comentario acima, mas vi que não era sua materia rs


    Pois bem, estamos com saudades de vc e vc faz falta nos nossos encontros.

    adorei o texto, passarei mais por aqui!

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