17.12.10

Restaurante Canoe: um dos melhores de Toronto



por Alexandra Forbes

Fiquei feliz ao ver, em minha última ida a Toronto, que o melhor restaurante continua sendo um favoritíssimo meu, o Canoe. O cenário é, no mínimo, inesperado: tanto assim que a amiga que eu esperava se perdeu pelo caminho. O restaurante fica na cobertura de uma torre de escritórios negra que faz parte da trinca desenhada por Mies van der Rohe. Você vai cruzando um imenso pátio de pedra, admirando a enormidade das torres e passando gente engravatada saindo do escritório. Aí pega o elevador até o 54o andar e... uau! Um restaurante com vista de 200 graus para o lago Ontario e o downtown!



Não bastasse o visual, o Canoe serve comida impecável: canadense contemporânea, levantando a bandeira de ingredientes artesanais. Exemplos? Gravlax de salmão curado no maple em British Columbia; caribou (alce) da província do Yukon e queijos artesanais que fecham a refeição, apresentados sobre tábua pesada estilo viking.





O menu inteiro dá água na boca, vejam:






Eu já tinha marcado de jantar em outro restaurante, então só pude, desta vez, beliscar uma entrada. Mas... que entrada! Era uma mini-degustação com quatro elementos. Primeiro, salada de lagosta bem pedaçuda e suculenta, sobre um ninho de soba. Segundo, um tartare de salmão temperado com bastante azeitona picada fina. Terceiro, terrine de foie gras sobre mini muffin de abóbora, uma combinação inusitada e feliz. E por último, uma panquequinha fina envolvendo uma musse quase líquida de fígado de galinha.




Saí de lá levitando e já pensando em quando vou voltar....


Canoe: Rua Wellington, 66, tel. (416) 364-0054

Bairros de Toronto: Chinatown



por Alessandra Cayley


Em Chinatown, o cenário pode mudar radicalmente de uma esquina para outra. 

De repente, desaparece a cidade norte-americana comum e surgem em seu lugar placas de estacionamento, letreiros e sinais em mandarim. A principal Chinatown (sim, porque há nada menos que seis Chinatowns em Toronto) é um vibrante emaranhado de lojinhas apertadas, que se expandem como podem, invadindo as calçadas e se esgueirando pelo espaço entre postes e fios elétricos dos streetcars (os vagarosos bondinhos).

Nesta Chinatown-mãe, situada entre Dundas Street West e Spadina Avenue, vende-se de tudo um pouco: de chá verde a mochilas da Hello Kitty; de bolsas de grife falsificadas a verduras, temperos exóticos e raízes medicinais. Só mesmo a esguia Torre CN no horizonte faz o visitante lembrar que estamos, sim, no Canadá.

O colorido dos toldos, na maioria vermelhos, mistura-se ao laranja, verde, roxo e amarelo das frutas – frescas ou desidratadas – disponíveis em bancas nas calçadas. Restaurantezinhos pouco convidativos servem dim sum, enquanto açougues expõem nas vitrines criaturas bizarras defumadas, penduradas pelo pescoço.

Para um café da manhã ou almoço rápido, tente o Zupa’s Restaurant & Deli (342 ½, Adelaide Street West, metrô St. Andrew, 416/593-2775), com jeitão de restaurante de vila, bem no meio da cidade. Dá para comer bem com 15 dólares canadenses.

Se quiser gastar mais e visitar o ponto das lulus, siga para o Frank (317, Dundas Street West, 416/979-6688, www.ago.net/frank), que fica dentro do Art Gallery Toronto (317, Dundas Street West, metrô St. Patrick, 416/977-0414), importante museu reinaugurado em 2008, depois de uma ampliação comandada pelo famoso arquiteto Frank Gehry (por isso o nome do restaurante).


O “starquiteto” acrescentou um enorme volume ao prédio original, mas conseguiu passar uma impressão de exímia graça e leveza. Es-pe-ta-cu-lar. O restaurante também é excelente, a começar pelo couvert: pães sete grãos, pumpernickel (escuro) e ciabatta, manteiga de leite de cabra, flor de sal.

Reserve ainda um bom tempo e um par de tênis confortável para explorar as lojinhas e o Kensington Market (entre as ruas Dundas e College), que, embora se chame mercado, refere-se na verdade a uma sucessão de ruazinhas e vielas de sobrados vitorianos gastos pelo tempo, onde há muito comércio de rua. Dominado pelos judeus no passado, o mercado é hoje um mix das diversas culturas presentes em Toronto, com predomínio da caribenha.

O aspecto de abandono do lugar não parece incomodar seus frequentadores, na maioria artistas, músicos, punks, rastáfaris, hippies e descolados em geral, que vão ao mercado não apenas pelos cafés e lounges alternativos, pelas lojas de roupas e móveis de segunda mão (o verdadeiro “vintage do vintage”) a preços imbatíveis.

Ir ao Kensington Market é um estado de ser, carteirinha virtual de membro da tribo cool da cidade. É sua tribo? Então fique por ali mesmo, no Canadiana Backpackers (42, Widmer Street, 416/598-9090, canadianalodging.com; diárias desde CAD$ 27, em quarto coletivo para seis a oito pessoas; Cc: A, M, V), um albergue acolhedor com staff gente boa. Tem uma sala para projeção de filmes, onde, às sextas-feiras, rola cinema com pipoca.

Bairros de Toronto II: o gay, o descolado, o dos gregos e o indiano


Pé da torre CN, vista do hotel Intercontinental

por Alessandra Cayley

WEST QUEEN WEST


A ponta oeste da Queen Street – ou West Queen West – é difícil de definir. Enquanto a parte mais próxima do Centro abriga superlojas como H&M, Mango e Nike, a ponta oeste reúne endereços vintage, galerias de arte e restaurantecos: mistura de high e low, consumismo e vibe alternativa. Anteriormente conhecido por seus quartos de aluguel barato, hoje os charmosos casarões de estilo vitoriano foram ocupados por galerias de arte contemporânea, lojas de decoração, antiquários e butiques transadas de estilistas locais.



Convivem pacificamente com estúdios de tatuagem e sex shops, além de cafés de ares retrôs e restaurantes brasileiros, chineses, indianos e até orgânicos. A mudança se deu de uns cinco anos para cá, depois das reformas milionárias por que passaram alguns hotéis. Além de injetar vida nova ao lugar, ditaram também o tom da balada, que vem transformando o pedaço no novo point gay de Toronto.
The Drake Hotel (1150, Queen Street West, 416/531-5042, 1-866-372-5386, thedrakehotel.ca; diárias desde CAD$ 189, sem café da manhã) ganha no quesito luxo cool e vive cheio de gente descolada. Além de estúdio de ioga, tem um bar supersimpático na cobertura e quartos equipados com CD/DVD player. Os corredores servem como galeria de arte.

Mais malucão ainda, The Gladstone Hotel (1214, Queen Street West, 416/531-4635, gladstonehotel.com; diárias desde CAD$ 165, sem café da manhã; Cc: A, M, V) não se parece com nenhum outro hotel que você possa ter visto.



O predinho antigo com elevador jurássico de porta sanfona passa uma sensação de décadence avec élégance. Artistas canadenses receberam carta branca para pintar e bordar, resultando em 37 quartos totalmente diferentes, todos ultracriativos e divertidos.


Apesar do jeitão alternativo, dispõe de lençóis de algodão egípcio e produtos de toalete orgânicos, produzidos na região. Ambos são perfeitos para quem quer cair na balada: basta pegar o elevador até o térreo e se jogar!
Sim, os points mais quentes do bairro ficam justamente nos seus bares (o karaokê semanal do Gladstone foi apontado como o melhor da cidade por nove vezes consecutivas). Acordar de ressaca e faminto não é problema: come-se superbem na Queen West.
No Caju (922, Queen Street West, 416/532-2550, caju.ca), restaurante brasileiro descolado que foge do estereótipo “feijoada com pagode” (a deles vem acompanhada de bossa nova), come-se boa picanha e moqueca ainda melhor. Se preferir não enfiar o pé na jaca, almoce algo leve no Fresh on Crawford (894, Queen Street West, 416/913-2720, freshrestaurants.ca). Cardápio natureba, com sucos, saladas, sopas e sanduíches sem manteiga, ovos, mel ou lácteos.

LITTLE POLAND


Até há pouco fora do circuito turístico, a área conhecida como Roncesvalles Village, ocupada por imigrantes russos e do Leste Europeu, vem ganhando destaque, de carona na ascensão da vizinha West Queen West. Ainda bem subúrbio, seu comércio está começando a florescer (e o cenário deve mudar com a construção acelerada de prédios de condomínios). Não há melhor lugar para provar pratos típicos das cozinhas russa e polonesa, com seus perogies, schnitzels e rolinhos de repolho, em restaurantezinhos como o Lala’s Bistro (145, Roncesvalles Avenue, 416/516-2577, metrô Dundas; 2a/6a 9h/0h, sáb 9h/19h, dom 9h/17h; Cc: M, V), com românticas fotografias em preto-e-branco nas paredes de tijolo aparente. Além da exótica (para nós) gastronomia polonesa, outro atrativo do bairro é o High Park (1873, Bloor Street West, metrô High Park, highparktoronto.com; grátis), o maior parque de Toronto, com mais de 400 acres de área verde. Cerca de 1 milhão de pessoas passam por ali, todo ano, para admirar a beleza do lago que margeia o parque ou tomar um solzinho deitado na grama. As árvores de maple, quando se tornam laranja e rubi no outono, não podem faltar no álbum.

INDIA BAZAAR


Chegar ao mercado India Bazaar, no coração de Little India, pode ser uma experiência decepcionante – ainda mais se estiver chovendo. O clima de abandono, com fachadas descascadas, toldos clamando por remendos e goteiras nas lojas, não anima. Mas, passado o baque, o que se vê é um pedacinho de Índia mesclado à Tailândia. Lojas e mais lojas vendem ricos saris multicoloridos, bordados à mão, com pedrarias, a preços de 30 a 3 mil dólares canadenses, dependendo da ocasião para a qual se quer o traje. Os vendedores, de túnicas, turbantes ou terceiro olho, além de sotaque carregado, não são de muitas palavras. Pesquisando, dá para achar echarpes de pashmina a um bom preço, em torno de 10 a 20 dólares canadenses. A culinária é um item à parte, com fartura de pão naan, curries mais ou menos picantes e chá pink, à base de amêndoa e pistache, tradição no Paquistão. O paraíso do curry é aqui: tem amarelo, verde, vermelho, defumado, suave, apimentado... Reduto de vegetarianos, é dos poucos lugares onde se encontra caldo-de-cana e mangas frescas, para alegria dos brasileiros expatriados. Vá para o almoço, pois as lojas costumam abrir depois das 13h. No Lanhore Paan Center (1435, Gerrard Street East, 416/462-3293; horário de funcionamento??? Cc??), o dono expõe na parede, com orgulho, recorte de jornal que aponta o lugar como o melhor da cidade para tomar o chá pink Kashmiri (CAD$ 2), estranho no começo, mas gostoso.


CHURCH-WELLESLEY



O reduto da comunidade GLS de Toronto anda perdendo um pouco da purpurina por causa do surgimento de outros polos gays, como a descolada West Queen West. Mas ainda dá para sentir, nitidamente, o clima aqui-vale-de-tudo que caracteriza o bairro.
Apelidada de The Village por seus frequentadores, tem umas plaquinhas fofas de nome de ruas com arco-íris, símbolo do movimento GLS. Dê uma passadinha na esquina das ruas Church e Alexander para ver a estátua do mercante escocês (e patrono do Village) Alexander Wood, primeiro homossexual assumido do Canadá. O pedaço ganha vida à noite e nos fins de semana, quando gays (solteiros ou não) lotam as ruas, bares e clubs. Muitos são nitidamente dirigidos ao público GLS, como o Zelda’s (692, Yonge Street, 416/922-2526, zeldas.ca ), que serve a cerveja Alexander Wood, especialmente feita para a vila. Outros estabelecimentos preferem não eleger preferidos.
O Fuzion (580, Church Street, metrô Wellesley, 416/944-9888, fuzionexperience.com), por exemplo, apesar de localizado no coração da vila, recebe gente de todas as tribos. No enxuto cardápio, nada ganha da sobremesa de chocolate branco e pistache, de matar de tão boa!

THE DANFORTH


Vibrante e ruidoso, o pedaço mais helênico de Toronto, também conhecido como Greektown, é dos mais heterogêneos. Pubs irlandeses e lojas de conveniência chinesas dividem espaço com tavernas e butiques gregas ao longo da movimentada Danforth Avenue, artéria principal do bairro ao qual empresta o nome. Resista, se puder, aos sapatos das butiques gregas espalhadas ao longo avenida.
E vá de barriga vazia para comer em um dos restaurantes típicos, como o Kalyvia (420, Danforth Avenue, metrô Chester, 416/463-3333), que se encaixa à perfeição no estereótipo, com decoração exagerada (muito branco e azul-turquesa, plantas penduradas por todo lado). Todos servem especialidades como carneiro assado, souvlaki com molho tzatziki (iogurte, pepino e alho) e o famoso saganaki. Esse queijo de cabra frito à milanesa é teatralmente flambado com brandy na frente do cliente, ao som de um redondo “opa!” exclamado pelo garçom.

7.10.10

Se eu fosse eu

Deve ser o outono, a preguiça que começa a dar de levantar cedo da cama, a vontade de beber bebidas quentinhas, tomar sopinhas fumegantes e devorar pratões calóricos. Acordei poeta, em marcha lenta; não mole, apenas lenta na velocidade certa de apreciar o que se passa ao meu redor.

Minhas vizinhança, em Thornhill, subúrbio elegante e coladinho de Toronto

Minha gatinha, Vicky, que deve gostar de outono tanto quanto a dona

Procurando inspiração, topei com esse texto da Martha Medeiros e, pronto. Joguei os recortes de jornal e notícias factuais pro lado, e preferi postar um texto de uma das minhas autoras preferidas.


Se eu fosse eu
Clarice Lispector escreveu uma crônica com o título acima para o Jornal do Brasil, em 1968, em que ela falava sobre a grandeza de entrar no nosso território desconhecido, e o que ela faria, caso ela fosse ela mesma. Como tudo que Clarice escrevia, é uma ideia perturbadora saber que nosso comportamento é condicionado e que nem sempre fazemos o que o nosso eu manda. Se eu fosse eu…puxa, dá até medo.

Se eu fosse eu, reagiria. Diria exatamente o que eu penso e sinto quando alguém me agride sem perceber. Deixaria minhas lágrimas rolarem livremente, não regularia o tom de voz, nem pensaria duas vezes antes de bronquear, mesmo correndo o risco de cometer uma injustiça, mesmo que mexicanizasse a cena. Reclamaria em vez de perdoar e esquecer, em vez de deixar o tempo passar a fim de que a amizade resista, em vez de sofrer quieta no meu canto.


Se eu fosse eu, não providenciaria almoço nem jantar, comeria quando tivesse fome, dormiria quando tivesse sono, e isso seria lá pelas nove da noite, quando cai minha chave-geral. Acordaria, então, às cinco, com toda a energia do mundo, para recepcionar o sol com um sorriso mais iluminado que o dele, e caminharia a cidade inteira, até perder o rumo de casa, até encontrar o rumo certo.


Se eu fosse eu, riria abertamente do que acho mais graça: pessoas prepotentes, que pensam saber mais do que os outros, e encorajaria os que pensam que sabem pouco, e sabem tanto. Eu faço isso às vezes, mas não faço sempre, então nem sempre sou eu.


Se eu fosse eu, trocaria todos os meus compromissos profissionais por cinema e livro, livro e cinema. Mas quem os pagaria para mim? Pensando bem, se eu fosse eu, seria como sou: trabalharia, reservando um tempo menor para cinema e livro, livro e cinema, mas pagando-os do meu bolso.


Se eu fosse eu, não evitaria dizer palavrões, não iria em missa de sétimo dia, não fingiria sentir certas emoções que não sinto, nem fingiria não sentir certas raivas que disfarço, certos soluços que engulo.

Seu eu fosse eu, precisaria ser sozinha.


Se eu fosse eu, agiria como gata no cio, diria muito mais sim.


Se eu fosse eu, falaria muito, muito menos.


E menos mal que sou eu na maior parte do dia e da noite, que sou eu mesma quando escrevo e choro, quando rio e sonho, quando ofendo e peço perdão. Sou eu mesma quando acerto e erro, e faço isso no espaço de poucas horas, mal consigo me acompanhar. E ainda bem que nem sempre sou eu. Se eu fosse indecentemente eu, aquele eu que refuta a Bíblia e a primeira comunhão, aquele eu que não organiza a sua trajetória e se deixa levar pela intuição, aquele eu que prescinde de qualquer um, de qualquer sim e não, enlouqueceria, eu.
Martha Medeiros Outubro de 2000
Non-Stop, Crônicas do Cotidiano


Se eu fosse eu, hoje, sentaria no meu jardim, enrolada no cobertor mais quentinho que tenho no armário, e ficaria só curtindo os raios de sol fraquinhos do outono, e o show gratuito de malabarismo, oferecido pelos esquilos...

E você, o que faria se fosse você?



4.10.10

Toronto em sete palavras

Para quem se acha bom no Twitter:

Defina, aí, a cidade de Toronto em apenas sete palavras.

Esse é o desafio que o jornal Toronto Star deu para um grupo de distintos cidadãos, que vêm brincando com palavras no site Wordle para chegar na perfeita frase que defina o espírito e a cara de Toronto.

Toronto Star, 3 de outubro


Os leitores também foram convidados a participar. Choveu email na redação, com mais de 500 sugestões, desde declarações de amor à cidade a demonstrações de repúdio, como essas aqui:

"The world’s best in one impressive place!"
(O melhor do mundo num impressionante lugar)

"Complacent, bureaucracy, elitist, stuck up, boring, hypocritical, greedy
(complacente, burocrática, elistista, esnobe, chata, hipócrita, gananciosa)

O melhor grupo de sete palavras será escolhido na semana que vem, então, ainda há tempo de contribuir com o seu statement:

Emails para insight@thestar.ca ou online no thestar.com/yourcitymycity

Minha singela contribuição (não exijam muito de mim numa segundona de manhã...):


Calmly chaotic, apparently perfect, in frenetic mutation

(Calmamente caótica, aparentemente perfeita, em frenética mutação)


1.10.10

Conte com a ajuda de Mark McEwan para a ceia de Thanksgiving

O mega chef e empresário gastronômico Mark McEwan ataca novamente, dessa vez com o combo "restaurante & livro de receitas". Seu quarto restaurante na cidade - uma sofisticada cantina de nome Fabbrica - será inaugurado hoje, no complexo suburbish Shop at Don Mills, e estrategicamente localizado - bem em frente ao chiquetésimo empório de comidinhas finas dele.

Os outros três restaurantes de McEwan são os badalados North 44, Bymark e o ONE, aquele do hotel Hazelton, queridinho das celebs de Hollywood, lembra?

Como se administrar isso tudo não fosse o suficiente (e ser host do show de TV, The Heat, no Food Network), McEwan ainda teve tempo de atacar de autor de livro de receitas, com o seu
Mark McEwan Great Food at Home, que chegou às livrarias esta semana. No menu, adaptações de alguns de seus clássicos, como o Bymark Burger, que o colocou na mídia em 2003, o Truffle Pizza at North 44 e o Variegated Heirloom Tomato Salad, do ONE. "Todas muito fáceis para o cozinheiro que tiver um tiquinho de talento em casa". Sei.

Debut de Mark McEwan como autor de livro
Foto: divulgação


McEwan ficou famoso pela qualidade e complexidade dos ingredientes que utiliza em suas receitas, com muito truffles e produtos orgânicos. Para o livro, foram feitas substituições e adaptações, mas o chef ainda reza na cartilha de produtos de qualidade para a obtenção de melhores resultados. Também divide segredinhos guardados no bolso do avental, como a preferência por sal kosher (com sabor mais leve) do que sal comum e, ah, como fazer the ultimate purê de batatas.

Bem a tempo para a ceia de Thanksgiving!

29.9.10

Ajuda às vítimas do incêndio do 200 Wellesley, em Toronto

Há tempos para baladar e tempos para fazer diferença. Tempos de ser ajudado e tempos de dar em troca. Esse é o momento de mostrar solidariedade, não com vítimas de desastres em terras longínquas, mas aqui mesmo, em Toronto.

Mais de 1 200 pessoas viram suas casas virarem fumaça na última sexta-feira, em um dos maiores incêndios já vistos em Toronto, segundo a polícia local.

O fogo começou num dos apartamentos do 24º andar do prédio e se alastrou rapidamente devido à presença de enorme quantidade de material de fácil combustão (como papel, por exemplo), segundo os bombeiros

Na tarde da última sexta-feira, 24, o community housing (apartamentos subsidiados pelo governo, destinados a pessoas de baixa renda) de número 200 da Wellesley Street East foi atingido pelo fogo, que durou até o dia seguinte. A polícia investiga as causas da tragédia. Os moradores, entre eles portadores de deficiências mentais, foram alojados no centro comunitário da região, em hotéis próximos e em casas de parentes e amigos. Catorze pessoas foram hospitalizadas, entre elas, três crianças.

Sem poder voltar para casa, os moradores estão contando com a ajuda da comunidade para sobreviver. Há a necessidade do básico, desde fraldas à produtos de higiene, meias, sapatos, tolhas de banho, cobertores.

E é exatamente aí que a gente entra. Veja algumas formas de ajudar:

- O hotel Gladstone (1214 Queen Street West) está arrecadando alimentos não perecíveis (macarrão, arroz, farinha, enlatados) até sexta-feira, dia 1º de outubro, 5 da tarde.

- A prefeitura de Toronto está coletando doações em dinheiro, que poderão ser abatidas do imposto de renda. Cheques podem ser levados até o Wellesley Comunity Centre (495 Sherbourne St) ou enviados pelo correio para Office of Partnerships, Metro Hall, First Floor, 55 John Street, Toronto ON M5V 3C6.
Fazer o cheque em nome City of Toronto, 200 Wellesley St E fire, e incluir seu nome e endereço completos para o recebimento do comprovante de doação

- Vale-compras, roupas (principalmente meias e roupas íntimas), sapatos, cobertores, produtos de higiene e limpeza podem ser doados no endereço 519 Church Street, nos seguintes horários:

- Segunda a sexta - das 9 às 21h
- Finais de semana - das 10 às 17h

Vamos mostrar que brasileiro é bom de samba e de solidariedade.

Zélia Duncan e produções premiadas no Brazil Film Fest, em Toronto

Saiu a lista das oito produções que farão parte do Brazil Film Fest 2010, em Toronto, sendo quatro filmes e quatro documentários:

Filmes
- Besouro, de João Daniel Tikhomiroff
- Blue Eyes, de José Joffily
- Elvis & Madona, de Marcelo Laffitte
- Time of Fear, de Sergio Rezende





Documentários:
- A Night in 67, de Renato Terra e Ricardo Calil
- Beyond Ipanema, de Guto Barra e Beco Dranoff
- Diary of a Crisis, de Sandra Kogut
- Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez (segunda chance de ver o documentário, para quem perdeu o BRAFFTv)

Outra ótima novidade é a presença de Zélia Duncan, que estará fechando o festival, dia 24 de outubro.


Ingressos e maiores informações sobre o Brazil Film Fest, aqui.
21 a 24 de outubro
The Royal
608 College Street

27.9.10

Conheça Toronto de graça com a TAP

Coisa boa a gente tem que divulgar, não é mesmo?

Mas confesso que quando me encontrei com Kathy, tive lá minhas dúvidas se ela ia dar conta da missão que nos esperava. No final, paguei a língua. Quem quase não aguentou fui eu.

Kathy é uma das muitas voluntárias do projeto TAP – Toronto Ambassador Program. Criado e mantido pela prefeitura de Toronto, é um fantástico programa de visitas guiadas à cidade, inteiramente gratuito, que muita gente não sabe que existe.



Eu mesma fiquei sabendo por meio do Toronto Tourism Association, quando pesquisava sobre Toronto para o guia Viagem Canadá. Além de lugares descolados, precisava saber também um pouco mais da história da cidade, de seus prédios, seu povo, como chegamos até aqui.

A fusão entre o novo e o velho, em Toronto, é o que faz a cidade ser o charme que é/Old City Hall (antiga prefeitura)

Kathy, uma distinta e elegante senhora de cabelos brancos e olhos de um azul intenso, foi designada para me acompanhar devido ao seu vasto conhecimento dos detalhes históricos e arquitetonicos da cidade. De aparência frágil, achei que não fosse aguentar andar por horas a fio. Não podia estar mais enganada. Kathy não só estava intelectualmente preparadésima para despejar em mim uma verdadeira aula de história sobre Toronto, como fisicamente em forma, tendo sido, por anos, voluntária da Cruz Vermelha, especializada em primeiros socorros em casos de desastres da natureza. Preciso falar que estava em boas mãos?

Minha atlética, inteligente e elegante guia, Kathy


Minha guia falava em inglês, mas o programa conta com voluntários em diversas linguas, de cantonês a tailandês, português, Punjabi, hindu.


Olhe para sua cidade com olhos de turista, mesmo que você tenha nascido nela. Você irá se surpreender


Estenda seu olhar para diferentes ângulos: olhe para cima, para baixo, mais perto, bem de longe, e descubra a graça escondida no caminho de todo dia/Prefeitura de Toronto

As visitas são customizadas de acordo com a preferência do visitante, como a minha, focada no aspecto histórico e estético da cidade. Dentre as opções, estão arte, ciclismo, música, natureza, esculturas.

Todos esses detalhes e outros são levados em consideração no formulário de requisição dos serviços da TAP, disponível no website da prefeitura.

Os tours podem durar de duas a quatro horas, são gratuitos, feitos à pé e usando-se transporte público. Disponível durante o ano todo (mas eu não aconselho fazê-lo no inverno, por motivos óbvios), acomoda até seis pessoas por tour. Uma das únicas restrições é que não pode ser marcado no primeiro dia do visitante à cidade, em caso de algum atraso na chegada. Pede-se também que o pedido seja feito, ao menos, com uma semana de antecendência à data desejada.




A experiência de Kathy me salvou, em todos os aspectos: desde informações preciosas sobre a cidade e acesso a lugares que eu nem cogitaria em ir, à sacolinha extra para acomodar a papelada que ela me forneceu e que eu ia juntando aqui e ali, dividir a sombrinha comigo (já que eu perdi a minha no ônibus), lenço de papel, água….

Acho que mesmo com toda a vivência de Kathy, ela ainda não havia se deparado com nada parecido a esse fenômeno da natureza chamado Alessandra Cayley!

24.9.10

Haja cultura para um domingo só

Esse domingo promete: festival de cinema brasileiro, show de jazz à noite e, no meio, festival de livros e revistas, na faixa!

Nada de dormir até mais tarde.

Das 11 às 6 da tarde, vai rolar no Queen's Park, como todos os anos desde 1989, o festival The Word On The Street. Uma espécie de Bienal ao ar livre, com barraquinhas e barraconas, dependendo do tamanho da empresa, com editoras expondo seus livros e revistas, autores fazendo leituras e dando palestras, atrações para baixinhos e grandões.

Com quantos escritores se faz uma torre?
Coluna decorativa de livros clássicos da literatura canadenses erguida centro para a mídia durante o G20, em Toronto


Boa oportunidade para comprar dicionários e livros de literatura mais baratos. Ideal para um networking com gente do mercado literário local. Também, aproximar a criançada do mundo das letras no papel, esse ilustre desconhecido da geração Facebook.

Jazz que reconstroi, em Toronto

Foi minha amiga Luanda Jones quem me falou e, se ela está no meio, eu assino embaixo. Além de absurdamente talentosa, é também super espiritualizada. Sabe aquelas pessoas que, com cinco minutos de conversa, te deixa zen?

However, mesmo com todo esse endosso, eu ainda fiz questão de perguntar: Lu, mas o negócio é mesmo sério? Seríssimo, ela garantiu e provou. Então, vamos divulgar:

Eu estou falando do projeto World Jazz for Haiti CD. Em janeiro desse ano, logo depois da série de terremotos que destruiu o Haiti, George Rondina, diretor da produtora Number 9 Audio Group, em Toronto, teve a ideia de fazer um CD para levantar fundos para a reconstrução daquele país. Convidou, então, o amigo e diretor musical, George Roller, para integrar o projeto que, por sua vez, estendeu o convite a outros do meio artístico. Depois de sete meses de trabalho voluntário, o resultado é um belíssimo album duplo, com 23 canções (12 cantadas e 11 instrumentais), produzidas por grandes talentos do cenário musical canadense. O CD vai custar 25 dólares e 100% da renda será destinada ao Canadian Red Cross Haiti Earthquake Appeal 2010.



Sample do CD, aqui ou na página deles, no Facebook.

A festa de lançamento do CD será nesse domingo, 26 de setembro, no Hugh's Room, aqui em Toronto, com apresentação ao vivo de alguns dos músicos que participaram do projeto, como John McDermott, Laila Biali, Aaron Davis, Mike Janzen, Luanda Jones, Maninho Costa, Mark Mosca, DK Ibomeka, Shuffle Demons, Andre Roy, Tom Reynolds Trio, Jane Bunnett, Lenka Lichtenberg, John Ebata, Gord Sheard, Nancy Walker, Jesse Capon, Ben Riley e outros.

As portas se abrirão às 18h, com início dos shows às 20h30.

Para quem não puder ir à festa, mas ainda quiser ajudar a causa, é só passar na sede do Number 9 Audio Group e pegar uma cópia do CD, a 25 dólares. Se morar fora de Toronto, o CD pode ser enviado pelo correio. Não tem desculpa para não ajudar.

222 Gerrard St East (esquina entre Gerrard e Seaton Street)
Segunda a sábado, das 9 as 18h
416-348-8718
1-877-828-3469
info@number9.ca

20.9.10

Pipoca canadense e filme brasileiro, em Toronto

Eu nunca sei qual é um e qual é o outro (desculpem, organizadores...), mas isso é o de menos. O importante é que a comunidade - e a arte - brasileira estão crescendo e aparecendo nesse pedaço de mundo chamado Canadá.

Estou falando dos dois festivais de cinema que vêm ocorrendo, todos os anos, na cidade. Ambos com grandes filmes e documentários.

Nessa semana (entre 23 a 26 de setembro), teremos o BRAFFTv 2010 (Brazilian Film Festival of Toronto).

Na programação, Lula, o Filho do Brasil, de Fabio Barreto, que abre o evento; a ficção Ernesto no País do Futebol, dirigido por André Queiroz e Thaís Bologna, e que conta a história de um menino argentino que se muda para o Brasil em plena época de Copa do Mundo. Imperdível.

Dos documentários, eu não quero perder: Herbert de Perto, dos cineastas Roberto Berliner e Pedro Bronz, sobre a vida de Herbert Vianna após o acidente que o deixou paraplégico em 2001, e Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, sobre a história do revolucionário grupo alternativo de dança e teatro que abalou as estruturas em plena época de ditadura, nos anos 70.

BRAFFTv/divulgação


Em outubro (de 21 a 24), será a vez do Brazil Film Fest, com programação a ser divulgada.


Já sabem onde me encontrar nesses dias...

Toronto Public Health e sua “ameaçadora” campanha contra câncer de testículos

Tanta coisa acontecendo e eu agarrada numa gripe, já há uma semana. E isso que o inverno ainda está longe....

Mas, enquanto fico de molho, aproveito para ler os jornais e revistas que se acumulam pela casa. Um fato que me chamou a atenção foi a peleja entre o departamento de saúde pública de Toronto (Toronto Public Health) e o pessoal do Facebook.

O TPH estava disposto a pagar 10 mil dólares canadenses (R$ 16,6 mil) para o site de rede social Facebook por uma campanha de um mês sobre os perigos do câncer de testículos entre jovens e adolescentes. Mas, ao receber a imagem da campanha entitulada “Cheque Seu Pacote” (Check Your Package, em inglês) tendo, ao fundo, uma foto da região pélvica de um homem de cueca boxer, o site suspendeu a operação, alegando que a imagem seria "imprópria" e de linguagem "inaceitável".

Parece que nada agradou ao pessoal do Facebook, que continuou detonando a campanha. Para eles, o texto “Homens entre 15 a 35 anos estão no grupo de risco. 95% dos casos podem ser curados se diagnosticados cedo. Aprenda a fazer o auto-exame”, soa “ameaçador", ferindo as normas e diretrizes da empresa.

A campanha da controversia. Ainda se a cueca não aparecesse, vá lá.
Na boa, gente vê coisa pior nos perfis de alguns usuários do Facebook, não vê não?


Fiquei tão passada com a notícia que sugeri uma matéria para o BBC Brasil. Veja a matéria completa aqui.

O câncer de testículos é o tipo mais comum da doença entre jovens e adolescentes. Em 2009, foram constatados 900 casos no Canadá.

Isso sim, é ameaçador.

A campanha entra em vigor amanhã, dia 21, com foco nas universidades e colégios de Toronto. Mas, o mais irônico disso tudo é que a controversa imagem encontra-se, bonitinha e sem censura, sabe onde? Na página do Toronto Public Health no Facebook, para quem quiser ver, e de graça.

Aqui, o link:
http://www.facebook.com/#!/pages/Toronto-Public-Health/144625475552105?ref=ts

Brincadeiras à parte, com saúde não se brinca. Auto-exame nele, pessoal.

18.9.10

Cidadã do mundo


2h30 da manhã

Os dois maiores problemas em ter um ciclo cicardiano alterado, como o meu, são:
- a cara de zumbi que você fica durante todo o dia, tentando parecer que teve uma noite ótima de sono
- a dificuldade em manter contato com pessoas que não morem pra lá do meridiano de Greenwich...

Aventura do dia (ou, da madrugada): estudando para o meu teste de cidadania, que será realizado às 16 horas do dia 21 de setembro do ano de 2010, no município de Mississauga, situado na província de Ontário, cujo país é o Canadá.....zzzzzzzzz...que sono que dá. Legal, acabei de descobrir como acabar com a minha insônia!

Antes que você pergunte, vou explicar o por quê do tal do teste: estou no Canadá há mais de sete anos. Cheguei aqui em 2003, fiquei um tempo com visto de turista, indo e voltando para o Brasil a cada seis meses, um ano. Daí, conheci um canadense bonitão, que conquistou meu coração (sorri, não resisti fazer riminha...!).

Para que eu ficasse de vez - e legal - no país (já que eu não consegui convencer meu gringo a morar no Brasil...), nós nos casamos e ele entrou com um processo de tutela por essa pessoa que vos escreve (que fofo...), o que durou uns dois anos, até que o governo canadense me concedesse o visto permanente de estadia no país, que é o que eu tenho até hoje.

Porém, para ter passaporte canadense, poder votar, ter direito à aposentadoria e outros balacubacos daqui, eu preciso ser cidadã; e a cidadania só é dada ao residente que permanecer em solo canadense por 1 095 dias ou, três anos.

Aí, você pergunta: mas já não fazem sete anos que você está aí? Yeah, meu camaradinha, mas a lei só conta os dias DENTRO do Canadá, EM solo canadense, portanto: foi passar férias no Brasil por dois meses? Menos 60 dias na contagem. Fugiu do inverno canadense em Cuba? Menos sete dias na conta. Foi gastar uns dólares americanos em Nova York? Mais uns dias contra. E assim vai, entendeu?

Quando, finalmente, você atinge os tais dos três anos, já está pronto para dar entrada no processo de cidadania, que demora cerca de um ano e meio para ficar pronto! Não é ótimo?!

Daí, quando você já nem lembrava mais do assunto, vem uma cartilha Caminho Suave na sua casa, com umas 60 páginas de tópicos que poderão cair no teste tipo vestibular, que vai demorar mais uns seis meses para ser marcado.

Espero que caia essa pergunta: "Quais as cores da bandeira do Canadá?"

Nunca sei se a Elizabeth atual é a primeira ou a segunda...mas aprendi que a tataravó dela foi a grande rainha Vitoria. Conta como meio certo?

Claro que você vai jogar o bagulho num canto e só vai lembrar que tem que estudar ao receber a carta-convocação para o teste, emitida mais ou menos uns dez dias antes da data. Contando que você achou a bendita da apostila, ainda irá protelar, achando que sabe o suficiente. Será somente o medo de não passar e virar piada dos amigos e família o que fará você sentar e encarar o monstro, lá pro final de semana antes do teste, e depois de ter assistido um DVD, comido uma pizza, tomado um vinhozinho....

17.9.10

Canteen, o restaurante casual do O&B no Bell Lightbox

Insônia. Pois é, são 3:42 da manhã e eu não consigo dormir. Não quero dormir. Tô elétrica, um verdadeiro "single elétrico", haha pra quem entendeu a piada! Não, não estou bêbada, estou apenas respeitando o meu ciclo cicardiano, meu relóginho biológico, que deve ter sido acertado com o horário do Japão antes de a cegonha ter me jogado lá no Brasil...fala sério...

Mas, o post não é sobre o meu ritmo biológico destrambelhado, mas sim sobre uma coisa que eu queria contar e acabei não contando, tanta coisa que se passa nesse meu mundinho: fui comer lá no Canteen, um dos restaurantes do grupo Oliver & Bonacini no Bell Lightbox, lembra que eu falei?




Pois é, o lugar é muito gracinha, tem tudo para virar hot spot. Já a comidinha...sei lá, não sou crítica gastronômica (precisaria da ajuda da minha amiga Alexandra Forbes) e não comi nada de muito extravagante, só um café da manhã mesmo: uns zoião frito, umas batatinhas, uns tomatinhos no azeite. Então, não me dou ao direito de criticar. Se bem que....

....eu achei os ovos pequenos demais. Tudo bem que o meu prato foi o Breakfast Lite, mas põe light nisso. Dois ovos (pequenos, como eu já comentei), uns tomatinhos cereja cortados no meio, temperados com azeite e umas salsinhas, e UMA fatia de pão. UMA, minha gente, uma! O prato não devia chamar Lite, devia chamar Model's Breakfast!

O café da manhã da controvérsia. Uma fatia de pão?


Meu marido optou pelo normalzão, o All Day Breakfast. A diferença? Uma linguiça pálida, branquela, uma fatia de bacon totalmente gordurenta e DUAS torradas. E quatro dólares a mais no preço ($14).

Daí, inventamos de pedir um negócio chamado Potato Beef Hash, que a garçonete (waitress, fica mais bonito) explicou que era uma batata frita (French fries) misturada com carne, tipo carne assada, rosbife, sei lá. "Gostoso" disse ela. Então, tá.

Meu marido é do tipo que não enjeita nada...mas comeu só uma garfada do negócio.

Tá, você deve estar achando que nós somos os mais chatos, né? Que nada, o café estava uma delícia.

Mas o que eu gostei do lugar foi, o lugar em si. Com paredes de vidro de fora a fora, é bem espaçoso, convidativo. Estou vendo ele bombar já. A decoração é rústica, sem frescuras, e a mesa balcão, instalada bem na entrada do restaurante, dá um clima de mesa de recreio de escola, sabe? Sei lá, que a gente senta, pega a merendinha e vai comer com os amiguinhos? Nossa, acho que eu preciso dormir. Tira o computador da frente dela, minha gente.

A mesa da merenda na cantina do Canteen!

Outra coisa legal é o menu Grab & Go, com opções mais criativas do que a manjada pipoca cheia de manteiga ou M&M'S cheio de açúcar (don't worry, eu adoro M&M'S) dos cinemas tradicionais: tem salada, muffin, lanches, até sopa!



Olha só, eu já havia esquecido, mas alguns leitores da página do Oliver & Bonacini me lembraram (viu como não sou só eu?): o serviço....gente, aquele povo tava devagar demaaaaaaaais. Em pleno dia de inauguração do Bell Lightbox, hellooooo! A fila de espera era de mais de meia hora, porém....mesas vazias do lado de dentro! A waitress ia nos colocar para sentar lá fora, na área descoberta, mas estava meio frio, então pedi para ficar dentro. Ela parou, olhou para os lados, que estava repleto de mesas disponíveis e me disse, na maior ingenuidade, como se eu fosse cega, que ia perguntar para o gerente se a gente podia sentar por ali. Hã?! Daí, o gerente, que é gente boa, disse que sim, e ela ficou procurando uma mesa para nos acomodar...

O café chegou depois que eu pedi duas vezes, e a conta...bem, demorou um pouquinho. Deu tempo de ir no banheiro, escovar os dentes, atualizar meus emails no Blackberry. Enfim, precisa dar uma agilizada no povo.

O Canteen fica no andar térreo do Bell Lightbox e é o mais casual. Já o Luma fica no segundo andar e é mais upscale. Tem também o espaço chamado Malaparte, que eu já falei aqui, um terraço chiquetérrimo na cobertura do Bell Lightbox.

Gostei do O&B feito com garrafas de vinho, um toque a mais


No Luma eu só tomei um café rápido, mas vou voltar semana que vem e, já sabe, conto tudo, por aqui. De madrugada, pra ser mais legal!

E nada do sono chegar....

16.9.10

Yorkville, o QG das celebridades em Toronto

Duas perguntas que mais se ouvem em Toronto, em época de TIFF:
- Já viu alguma celebridade?

- Em que lugar de Yorkville?
Não adianta, o QG do pessoal do mundinho do cinema é realmente Yorkville, que está para Toronto como Beverlly Hills está para Los Angeles e os Jardins para São Paulo.

As ruazinhas cheias de charme da Meca fashion de Toronto: lugar para ver e ser visto


Uma área relativamente pequena da cidade, é demarcada pelos elegantes endereços da Bloor Street ao sul, Davenport Road ao norte, Yonge Street ao leste e Avenue Road a oeste.

E pensar que a posh Yorville já teve seu lado hiponga, lá pelas décadas de 60 e 70, servindo de inspiração e ponto de encontro para notáveis da música e literatura, como o músico Neil Young e a escritora Margaret Atwood. Nos anos 80, tudo mudaria, com a chegada de condomínios caros e lojas de grife, o que transformou Yorkville não só na região mais chique de Toronto, como também o metro quadrado mais caro da cidade, e hangout preferido das celebs daqui e de Hollywood.

A Bloor Street é sua artéria principal, e o cruzamento Bloor-Bay Street o mais cobiçado endereço de Toronto. Ninguém tira o prestígio da região. Quer dizer, tira sim. Dá dó ver o que a prefeitura anda fazendo por ali, com um projeto de repavimentação que parece não ter fim.


Chega a ser engraçado assistir a mulherada se esgueirando nas calçadas improvisadas de madeira, equilibrando-se do alto de stilletos Manolo Blahnik e Jimmy Choo, no piso irregular de asfalto quebrado, tentando chegar, intactas, às suas butiques preferidas ou ao Starbucks mais próximo, que reina absoluto na região, óbvio. Aliás, falando em Starbucks, o que fica grudadinho ao hotel Four Seasons foi eleito o melhor spot para avistar celebridades. Estou pensando seriamente em fincar acampamento lá por esses dias...

O bom é que a construção não chegou até o miolinho de Yorkville, nas ruas Cumberland e Yorkville Avenue, e é ali que a caça às celebridades se intensifica durante o TIFF. A ideia é ser e ser visto, seja de dentro de uma Ferrari, ou por trás de gigantes óculos escuros Pucci. Se topar com uma celebridade, ótimo. Ser confundida com uma, melhor ainda.



Anthropologie, em Yorkville, campeã no quesito decoração de vitrine e, na minha humilde opinião, melhor do que a de NY

Yorkville é um charme só...

Foi assim, nesse final de semana, na frente do Hazelton e do Four Seasons. A rua foi fechada e barricadas de ferro foram usadas para conter a mini-multidão, que esperava, ansiosa, por seus artistas preferidos.

Frente do hotel Four Seasons, final de semana passado



A rua foi fechada para que os fãs pudessem transitar livremente, à espera de seus ídolos. Quem? Não importa





Todo mundo queria ver seu ídolo preferido. Estaria, esse, esperando pelo Snoopy?


Parada estratégica para um show off, de leve...


Qualquer carro preto que passasse, era motivo para gritos de delírio da galera. Melhor ainda, se fossem filmados e da marca Cadillac, carona oficial do TIFF.

Burburinho, também, na frente do Sassafraz, que já foi um dos preferidos das estrelas, perdendo o posto para o One, do hotel Hazelton.

Não conseguindo vaga dentro do restaurante, o jeito é armar acampamento no café Lettieri, em frente

Um jeito criativo de contornar o problema de estacionamento em Yorkville...

Até o momento, já passaram por Toronto, Ben Affleck, com a esposa Jennifer Garden, Robert De Niro, Matt Damon, Natalie Portman, o todo poderoso Clint Eastwood, entre outros.

Se eu vi algum deles? Todos! Da telinha do meu computador! ;)